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sábado, 23 de novembro de 2013

Carne de Conserva

Uma viagem pelos
sabores e aromas da  infância




Carne de Conserva


Hoje retirei da minha mochila o livro de recordações e viajei até à gastronomia da minha infância...
Belos dias de férias passados no campo, onde a água límpida da ribeira nos convidava a nadar no verão, e onde se pescava peixe para a caldeta temperada com hortelã da ribeira que crescia nas margens! O sabor inconfundível do leite ao pequeno almoço acabado de ordenhar, os ovos frescos do galinheiro com os quais se faziam fatias douradas bem polvilhadas com açúcar amarelo e canela, o sabor ímpar de  uma maçã madura comida  debaixo da macieira... O calor reconfortante da grande chaminé na cozinha, onde no Inverno se  faziam  torradas de pão Alentejano  em lume de chão e se barravam com manteiga corada!...

Manteiga corada!

Quem não cresceu no Alentejo, provavelmente não sabe do que se trata!

Antigamente no Alentejo não existia electricidade. Hoje é impensável vivermos sem os nossos frigoríficos, mas os nossos antepassados mesmo sem frigorífico, desenvolveram técnicas de conservação de alimentos.
Como todos sabem o Verão no Alentejo é extremamente quente, o que acelera o processo de decomposição dos alimentos, no entanto, matava-se o porco no Inverno e a carne era conservada todo o ano.
O modo de conservação era a salgadeira. Uma arca de madeira, cheia de sal grosso, onde se introduzia a carne e os enchidos, ficando completamente tapados de sal. Depois, tapava-se com uma tampa de madeira para evitar que a luz entrasse e assim se conservava a carne de porco durante muitos meses.
Quando se cozinhava, colocava-se demolho umas horas antes para se extrair o excesso de sal.

Outra forma de conservação da carne de porco era a "Carne de Conserva"

Quando se temperava a carne para as linguiças, juntava-se a essa carne uns pedaços inteiros de febra,  toucinho e costelas de porco. 
No dia que se enchiam as linguiças, essa carne era frita em banha de porco e ficava dentro do taxo de barro, completamente tapada com a banha da fritura.
Deste modo a carne ficava conservada em banha, e podia ser consumida ao longo de um período de tempo mais alargado.

Com esta carne confeccionavam-se vários pratos típicos alentejanos, como as migas com carne de porco!

No entanto, quando se comia a carne, sobrava a banha da fritura, à qual se chamava "manteiga corada" 
Essa manteiga servia para barrar o pão!

... E posso garantir que uma torrada de pão caseiro em lume de chão, barrada com esta manteiga, é algo que não se esquece!


Deixo-vos a receita da carne de conserva!



Ingredientes

Carne de porco - (febra, costelas e toucinho)
Pimentão moído
Alho moído
sal
Banha de porco caseira para fritar





Corte a carne em pedaços médios e tempere com pimentão moído, alho moído e sal!
Deixe ficar de um dia para o outro a tomar gosto!
(Eu não coloquei toucinho)





No dia seguinte prepare o lume de chão! 

Não convém que o lume esteja demasiado forte, para a carne fritar lentamente.
A lenha deve ser de azinho!





Coloque a banha ao lume num tacho de barro até derreter.





Junte a carne temperada e deixe fritar lentamente.









Esta carne pode ser servida de dezenas de formas... desde um simples petisco para o lanche, com pão mole Alentejano e um tinto da região,  até vários tipos de migas Alentejanas!... 

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Monsanto

Monsanto


Aldeia Histórica Monsanto é uma experiência peculiar para quem a visita.


No baluarte, ponto de chegada e de partida à aventura, acede-se à aldeia que aqui se instalou progressivamente a partir do século XV.
A partir deste ponto surgem múltiplas possibilidades: nas imediações a Igreja Matriz; na subida em direcção ao castelo o velho forno da aldeia; pelo encruzilhado das ruas as capelas do Espírito Santo e de Santo António, junto de duas das velhas portas fortificadas das quais retiram o nome; a torre sineira ou de Lucano encimada pelo galo de prata, imagem de marca da portugalidade; as fontes; as casas senhoriais com os seus brasões, entre os quais os Condes de Monsanto (1460), mais tarde elevados a Marqueses de Cascais.






Na infinidade de ruelas e veredas povoadas de casas, palheiros e furdas, representantes de uma arquitectura popular implantada ao sabor do relevo. A utilização do granito nas construções confere ao conjunto uma grande uniformidade entre o natural e o edificado. Este equilíbrio é, ainda, mais evidente quando os acidentes graníticos dão origem a curiosas utilizações de grutas e penedos integralmente convertidos em peças de construção.































No sopé do monte há motivos de interesse a não esquecer. No lado poente, a Capela de São Pedro de Vir-a-Corça, eremitério que teve feira em tempos medievais; a norte, junto à Relva, o extenso arvoredo da Quinta do Burrinho guarda o último souto da região, junto a um extenso parque repleto de espécies exóticas; em direcção a Levante e a Penha Garcia, situa-se a Ermida de Nossa Senhora da Azenha, lugar da última romaria do ciclo festivo anual da região, em Setembro.








Concederam-lhe foral D. Afonso Henriques, D. Sancho I, D. Sancho II e D. Manuel.



A parte mais antiga está no ponto mais alto, onde os Templários construíram uma cerca com uma torre de menagem. A esta estrutura é mais tarde adicionada uma outra, ritmada por torres, com dois recintos desnivelados. O primeiro inclui uma cisterna e a Igreja de Santa Maria. Na parte baixa, rasga-se a porta principal da cerca. Fora de muros, o povoado primitivo em torno da Capela de S. Miguel, pequeno tesouro da arquitectura românica, é defendido por uma cerca baixa. Sobranceira ao aglomerado, hoje em ruínas, ergue-se a Torre do Pião.












































































































































































































































Monsanto não se esgota... Para lá da rudeza da pedra há uma vida própria que se deixa observar. 
Memória de um tempo longo que persiste no seu quotidiano....






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