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sábado, 20 de dezembro de 2014

Palácio de Linderhof

Palácio de Linderhof




Mandado construir por Luís II, o Palácio de Linderhof situa-se no meio de uma cadeia montanhosa agreste, no vale isolado de Graswang.
Os primeiros planos começam a ganhar forma em 1867, após uma viagem de Luís II a França, onde  a visita o Palácio de Versalhes o deixou fortemente entusiasmado;  dois anos depois em 1869, o monarca adquiriu a zona em redor de Linderhof onde o seu pai, Maximiliano II, já possuía um pavilhão de caça, a "Konigshauschen" (ou "casinha do rei").
Entre 1870 e 1878, o rei, conhecido pela renúncia espiritual ao mundo, incumbiu o arquitecto da corte, Georg Dollmann, da construção do  "Chalé Real". Previsto como um monumento ao absolutismo, representativo do poder do soberano, o edifício esteve longe de cumprir esse objectivo, sendo antes um refúgio privativo e um lugar de reclusão. O Palácio de Linderhof foi o único  dos palácios mandados erigir por Luís II a ficar concluído em vida do monarca, sendo até à data da sua trágica morte, a 13 de Junho de 1886, no lago Starnberg, o seu locar  predilecto.  



A Fachada Principal

A fachada principal do "Chalé Real" com jardins em socalcos e  um magnifico lago. Além do enorme lago,  nos jardins podemos apreciar várias estátuas e fontes. 

















































O Jacto da fonte atinge 30 m de altura, derramando-se sobre um conjunto escultórico revestido a ouro cuja figura central é a deusa Flora.















O Vestíbulo

O Visitante tem acesso ao vestíbulo através de um pórtico ladeado de hermas. No meio da sala, rodeada por colunas de mármore vermelhas e pilastras, encontra-se, dominando o espaço uma estatueta equestre em bronze de Luís XIV, rei de França.
Na auréola do sol que decora o tecto, surge a divisa dos Bourbons: "Nec Pluribus Impar" ("superior a todos") - uma homenagem de Luís II à casa real dos Bourbons.
à parte dos laços pessoais que o uniam aos Bourbons - Luís XYI, rei de França, fora padrinho de baptismo de seu avô e protector Luís I, Luís II via na figura do rei Sol  a corporização perfeita do poder absoluto, tendo-se sempre assumido como sucessor espiritual.








A Sala Oeste das Tapeçarias

As dependências do palácio, exuberantemente decoradas, sucedem-se numa sequência rítmica de formas, rectangulares em ferradura e ovais, caracterizadas  por cores diversas.
Na sala Oeste das tapeçarias, também conhecida por sala da música, domina a profusão de cores dos murais e dos assentos. As pinturas murais, que produzem o efeito de tapeçarias, bem como os tecidos que revestem os assentos, fabricados pela Manufacture Nationale des Gobelins, de Paris, produzem cenas da vida em sociedade e pastoris do universo rococó.
Junto do instrumento de música, ricamente ornamentado, uma  das extraordinárias combinações de piano e harmónio surgidas no século XIX, encontra-se um pavão de tamanho natural de porcelana de Sèvres pintada. Orgulhosa e tímida, a ave era, juntamente com o cisne, um dos animais preferidos do rei.








A sala de Audiências


Através do Gabinete Amarelo, um aposento íntimo, todo ele em prata, amarelo e azul-cinza, com vista lateral sobre parterre oeste, o visitante  acede à Sala de Audiências, concebida em 1870 por Christian Jank, um pintor de cenários natural de Munique. Originalmente, também lhe estaria reservada a função de sala do trono.

Inserida na curva oval dos preciosos painéis de madeira simetricamente ladeada por duas lareiras de mármore Bardiglio com estatuetas equestres de Luís IV e Luís XVI, encontra-se a mesa de trabalho do rei, com um conjunto de acessórios de escrita revestidos a ouro e um relógio de estuque.
A mesa de trabalho é emoldurada e encimada por um baldaquino de veludo, finamente bordado a fios de ouro, cujo forro de arminho seria proveniente do manto de coroação do rei Otão da Grécia. As mesinhas redondas de malaquite foram um presente da Czarina Alexandrovna a Luís II.







O quarto do Rei

O quarto de dormir do Rei, comcebido pelo pintor de cenários para Teatro Angelo Quaglio em 1871, foi ampliado em 1884 por Julius Hofman, que, seguindo o modelo do Reichen Zimmer" ("aposento rico") da Residência de Munique, o transformou na maior divisão do palácio.
Ao maior compartimento do palácio, situado no eixo central do edifício, com vista sobre as cascatas, a norte, e iluminado outrora pelas 108 velas do candelabro de cristal, foi reservada a cor azul real.
As esculturas de mármore, os trabalhos de estuque e a pintura do teto evocam figuras mitológicas da antiguidade. Ludwig Lesker é o autor do fresco do tecto por cima do leito, uma esplendorosa "Alegoria da Manhã", representando o carro solar de Apolo. à excepção do brasão da Baviera, em ponto de cetim, os bordados do baldaquino de veludo ficaram incompletos.







O Gabinete Cor-de-Rosa


Contíguo ao Quarto do Rei, fica o Gabinete Cor-de-Rosa, o antigo quarto de vestir do rei.  É um dos quatro gabinetes que, assumindo uma elegante forma de ferradura, circundam o aposento principal e que, graças às suaves cores pastel, formam com ele um sedutor contraste.
As pinturas a pastel, adornadas por molduras rococó, são da autoria de Albert Grafle e representam personalidades da corte francesa do século XVIII, entre as quais a Condessa Dubarry, amante de Luís XV.








Sala de Refeições


Um vermelho resplandecente domina a graciosa Sala de Refeições, de traçado oval. No meio, ornamentada com um centro de mesa feito de delicados botões de porcelana de Meiben, encontra-se uma mesa escamoteável, a "Tischleindecdich". Era servida no piso inferior e depois içada, permitindo ao rei, que receava a presença de pessoas à sua volta, permanecer só durante as refeições, à semelhança, aliás, do que acontecia com as representações, só para si, no Teatro da Corte em Munique. Quer o centro de mesa quer o lustre de porcelana, de múltiplos braços, foram executados segundo desenhos de Fábrica de Meiben.
Os anteprojectos das pinturas em trompe l'oeil, ao estilo barroco, foram fornecidos por Chrisstian Jank entre 1870 e 1872.
Com as portas abertas, é possível ver os retratos dos gabinetes Cor-de-Rosa e Azul.










A Sala Leste das Tapeçarias

Nesta sala, predominam as figuras e cenas da mitologia grega: o conjunto escultórico das três Graças, de Theobald Bechler, reflecte-se no friso de mármore da lareira. Sobre  pinturas murais de H. von Pechmann e ostensivos estuques dourados, abre-se, destacando-se de tudo o resto, o Olimpo, representado na pintura do tecto "Apolo e aurora", de W.Hauschild.







A Sala dos Espelhos

A maior dependência do palácio, o Quarto do Rei, a norte, corresponde, a sul, a mais magnificente das salas, a Sala dos Espelhos.
O motivo dos espelhos, muito apreciado na construção dos palácios reais alemães do século XVIII, surge na Sala dos Espelhos de Linderhof, concebida por Jean de la Paix em 1874, com uma magnificência simplesmente desmedida.
Os grandes espelhos, embutidos em painéis brancos revestidos a ouro, enganam o visitante, criando uma série ilusória de compartimentos.
Eles refractam a luz dos candelabros de cristal, reflectem o brilho fosco dos lustres talhados em marfim, multiplicam os valiosos objectos decorativos e prolongam o compartimento até ao infinito. Na  parede oposta à janela, existe também embutido um nicho, igualmente metalizado, com assento, um ponto focal a partir do qual o rei se podia entregar à magia e ilusão.













Os jardins em socalcos e o templo de Vénus

A vertente sul dos jardins em socalcos, onde inicialmente o rei previra a construção de um teatro em estilo rococó, é coroada por um templo redondo classicista com uma estátua de Vénus da autoria de J.M. Hauttmann.
Uma velha tília ("linde" em Alemão) com perto de 300 anos terá dado o nome à dependência do Mosteiro de Ettal onde outrora os camponeses faziam o pagamento da dízima e, desse modo, também ao palácio.


















A Vertente Norte com Cascata


Do canteiro ornamental com a forma da flor-de-lis dos Bourbons, directamente por trás do palácio, sobem pérgulas de tílias em direcção à íngreme vertente norte. Encimada por um pavilhão que faz pendant com o Templo de Vénus, a sul, uma cascata cuja água escorre sobre 30 degraus de mármore. Aos pés da cascata, encontra-se um tanque com um grupo escultórico jorrando água cuja figura central é Neptuno.

















O Parterre Ocidental

Canteiros de flores térreos, onde se misturam pirâmides de buxo, desembocaram numa oval de arcadas frondosas e de pavilhões.
No quadrifólio do lago, uma escultura de fama abre as suas imponentes asas, um trabalho em zinco revestido a ouro de Franz Walker. Está ladeada por esculturas de Johann Nepomuk Hauttmann representando alegorias das estações do ano.






O magnifico vaso de majólica coroado de putti é um trabalho da fábrica de Porcelanas de Nymphenburg, conforme projectos originais da fábrica parisiense de Coisy-le-Roi.













O Parque 

A situação do Palácio de Linderhof, entre montanhas abruptas no vale de Graswang, condicionou a disposição dos seus jardins na paisagem.
Carl von Effner foi incumbido da composição do espaço, com uma área de 80 hectares, e nele criou jardins em socalco, ao estilo renascentista, parterres estilizados, segundo o modelo barroco, e um amplo parque "natural" ao estilo inglês, transformando o todo num conjunto harmonioso atraente. 






















O Pavilhão Marroquino



O Pavilhão Marroquino foi concebido como pavilhão de venda para a Exposição Internacional de Paris em 1878, e adquirido no mesmo ano por Luís II, que o mandou colocar fora do recinto do parque, perto da fronteira da Alemanha com a Áustria e não longe da cabana de Hunding. A sua antiga situação, numa zona montanhosa e solitária do vale do Ammer, ia ao encontro das preferências do rei. Apesar de, após a sua morte, o pavilhão ter sido vendido a Oberammergau, voltou a ficar adstrito ao parque do palácio de Linderhof em 1892.
Ao contrário dos restantes edifícios de inspiração oriental, como o Quiosque Mourisco ou o salão Turco do Pavilhão de Caça de Schachen, que foram projectados por arquitectos europeus, o Pavilhão Marroquino é o único dos edifícios de Luís II importado do Oriente. O interior foi magnificamente redecorado ao gosto do soberano, em estilo oriental, muito em voga na época.



























A Cabana de Hunding


 À semelhança do Karfreitagsaue e do Eremitério de Gurnemanz (actualmente em ruínas), a Cabana de Hunding no parque de Linderhof, só reconstruída em 1989, é em certa medida, um cenário teatral que foi inserido na paisagem.
Aqui poderia Luís II ter recriado na sua imaginação "O Anel de Nibelungo" no primeiro dia do Festival de Teatro de Richard Wagner, na acção intensamente dramática   da "Valquiria", o drama de amor por excelência, estreado em 1870 no Teatro da Corte de Munique, na presença do rei.
Fugindo aos perseguidores, Siegmund refugia-se na cabana tosca de Hunding, erguida em torno de um imponente freixo, onde encontra Sieglinde e com ela engendra o "Walsung" Siegfried. Encomendada pelo rei em 1876, a construção da cabana de Hunding, para a qual foram fornecidos acessórios de todo o tipo, segue o projecto cenográfico criado por Christian Janks para a estreia da ópera de Munique.







O Quiosque Mourisco


À sedução do complexo no seu todo não é alheia a nota de exotismo que o monarca lhe soube imprimir.
Luísa da Baviera, que tinha uma manifesta predilecção pelo estilo oriental e cujo jardim de Inverno na Residência de Munique já era decorado por um pavilhão indiano, adquiriu o Quiosque Mourisco, proveniente  do Palácio Zbiroh na Boémia, em 1876. Um ano depois, renovado e, em parte, ampliado, estava localizado numa suave encosta do Parque do Palácio de Linderhof.

A luz difusa que atravessa os vidros coloridos das janelas e as lâmpadas multicolores conferem uma nota de esplendor exótico à atmosfera interior. Embutido na curvatura da abside, encontra-se o trono de pavões do rei feito por Le Blanc-Granger em Paris, em 1877. Três pavões de metal fundido esmaltado a cores com a roda das caudas em vidro moldado da Boémia ornamentam a cabeceira e a zona lateral do divã forrado a seda.
Uma fonte mourisca, candeeiros de exterior, mesinhas de fumo e para café completam o cenário, imprimindo uma ambiência impregnada de magia aos festins nocturnos de máscaras orientais que o rei, fumando chibuque, ali costumava celebrar com o seu séquito, igualmente fantasiado. Festas sob o signo da Lua que o monarca também organizava no Palácio de Schachen, igualmente decorado em estilo mourisco.












A Gruta de Vénus


O visitante tem acesso à gruta artificial de estalactites e estalagmites, construída pelo  «escultor de paisagens» August Dirigl entre 1876 e 1877, através de uma porta de rocha. Em primeiro plano, o barco dourado em forma de concha concebido por Franz Seitz.
Luís II, que desde a infância ficara sonhadoramente preso ao universo lendário e teatral de Richard Wagner, reproduziu na gruta o impressionante cenário do Monte de Vénus da ópera do compositor "Tannhauser". A pintura de August Heckel mostra Tannhauser no monte Horsel, nos braços de Vénus. Iluminação subaquática, movimento da água produzido artificialmente, efeitos luminosos alternados, por meio de vidros rotativos coloridos, tudo isto gerado pelos primeiros dínamos na história da electricidade: as mais modernas técnicas encenavam de forma plenamente ilusória o universo onírico do rei.










Notas


Como chegar

O Palácio de Linderhof fica situado perto de Oberammergau. De Munique a Linderhof são cerca de 100 km.
Se estiver em Munique o mais confortável é alugar um carro para explorar a região. Se optar pelo comboio, existem ligações da Estação Central para Oberammergau, depois terá de apanhar o autocarro 9622 para chegar a Linderhof.



Onde dormir
Se quiser pernoitar na região, aconselho uma Gasthof, são bastante económicas, normalmente geridas por famílias que exploram um restaurante na parte inferior da casa e alugam quartos na parte superior. O valor do Alojamento com pequeno almoço incluído, tem preços muito convidativos!

Boa viagem!