Auschwitz
1940-1945
O campo de concentração nazista de Auschwitz tornou-se para o mundo o símbolo do Holocausto, de genocídio e de terror. Foi criado pelos Alemães, em 1940 na periferia de Oswiwcim, cidade polaca que foi anexada ao Terceiro Reich pelos nazistas. A cidade recebeu o nome alemão de "Auschwitz", que foi usado também para determinar o nome do campo: Konzentrationslager Auschwitz.
O motivo que levou à criação do campo foi o aumento de Polacos presos pela polícia alemã, causando assim a superlotação nas prisões, mas a partir de 1942 Auschwitz começou gradualmente a tornar-se o maior centro de extermínio em massa de Judeus.
Ideologia Nazista
Os principais elementos da ideologia nazista foram: ódio aos judeus, à democracia, ao comunismo e também a convicção da superioridade da raça alemã sobre as outras raças, planeando a criação de uma sociedade "racialmente pura", os nazistas planearam o extermínio dos judeus, eslavos, ciganos, etc...
No congresso do partido nazista em Norymberg em 1937, Adolf Hitler declarou: "Estamos educando uma juventude, diante da qual o mundo inteiro tremerá. Eu quero uma juventude capaz de realizar violações, e que seja forte, poderosa e cruel".
Auschwitz - fundação
Durante cinco anos, o campo de concentração de Auschwitz despertou a sensação de horror entre os povos dos países ocupados por hitleristas, segundo a Segunda Guerra Mundial.
Foi criado em 1940 para os prisioneiros políticos polacos. O seu objectivo inicial era servir como instrumento de terror e extremismo de polacos mas com o decorrer do tempo os hitleristas começaram a mandar para o campo pessoas de toda a Europa, sobretudo Judeus, prisioneiros de guerra soviéticos e ciganos. Entre os prisioneiros encontravam-se também checos, jugoslavos, franceses, austríacos, alemães, entre outros.
Em Abril de 1940 foi dada a ordem para criação do campo. A local escolhido foi uma caserna abandonada em Oswiecim, um local isolado da área edificada da cidade, mas um dos principais entroncamentos da rede ferroviária existente na Polónia.
Nos anos de 1940-41 os alemães expulsaram os moradores dos bairros de Oswiecim e de oito aldeias que se encontravam na vizinhança. Todos os judeus que eram cerca de 60% dos habitantes foram encaminhados para guetos, foram destruídas cerca de 1200 casas de habitação, sendo as restantes cedidas a oficiais da SS que chegavam acompanhados por toda a família, e também a funcionários, colonos e policias alemães.
Em frente ao campo constroem-se escritórios, armazéns e aquartelamento para a guarnição do campo. Algumas fábricas da região foram reformuladas, outras foram destruídas construindo-se em seu lugar outras relacionadas com a máquina de guerra do Terceiro Reich.
Rodolf Hoss foi nomeado o primeiro comandante de Auschwitz, e a 14 de Junho de 1940, a Gestapo encaminhou para KL Aushwitz os primeiros prisioneiros - 728 polacos da prisão de Tarnów, foi o inicio da maior máquina de morte que à memória....
Durante cinco anos, o campo de concentração de Auschwitz despertou a mais profunda sensação de horror entre os povos dos países ocupados por hitleristas, na Segunda Guerra Mundial.
Auschwitz I - Portão de entrada
O portão de entrada do campo principal KL Auschwitz é o símbolo do campo de concentração. Era adornado pela frase "Arbeit mach frei" (O trabalho liberta).
Os prisioneiros atravessavam diariamente este portão partindo e voltando depois de dezenas de horas de trabalho.
Auschwitz - centro de extermínio de judeus
A partir de 1942 o campo passou a exercer a função de extremismo em massa de judeus europeus. Morreram somente por motivo da sua descendência, independentemente da idade, sexo, profissão, nacionalidade ou ideologia politica. Após a selecção, a maioria dos recém-chegados eram assassinados em câmaras de gás, por serem definidos pelos médicos das SS como inaptos para o trabalho: pessoas doentes, idosos, mulheres grávidas, crianças. Essas pessoas não contavam no registo de evidência do campo, ou seja, não eram marcados com números nem registados.
Estima-se que tenham sido exterminados 1,5 milhões de judeus.
"Os Judeus são uma raça que deve ser totalmente destruída"
Hans frank, Governador-Geral da Polónia ocupada
Em KL Auschwitz pereceram cidadãos de vários países, pessoas de várias convicções politicas e religiosas, população civil, membros da resistência e prisioneiros de guerra.
O comandante do campo, Rodolf Hoss, citando nas suas memórias as palavras de Himmler, explica deste modo o a motivação para a sua decisão: "Os lugares de extermínio já existentes no leste não servem para uma acção planeada em tão grande escala. Por isso, designei Auschwitz, tomando em conta a sua localização favorável quanto aos transportes, mas também devido ao facto de que esta área pode ser facilmente isolada e camuflada"
Nos primeiros meses de 1942, começou a acção de extermínio de judeus em massa. Os primeiros judeus deportados chegaram a Auschwitz da Alta Silésia, os seguintes do Governo Geral, e na Primavera do mesmo ano, começaram a afluir em massa os comboios da Eslováquia e da França, seguindo-se os da Bélgica e da Holanda, no Outono os comboios da Alemanha, da Noruega, da Lituânia e de outros países da Europa ocupada.
Quase imediatamente após a agressão hitleriana à União Soviética, violando todas as regras do direito internacional, foram deportadas a Auschwitz prisioneiros de guerra soviéticos. Baseando-nos nos números atribuídos aos detidos é possível calcular que 12.000 prisioneiros foram registados no campo. Durante o período de 5 meses morreram 8320 pessoas, das quais uma parte em câmaras de gás, outra fuzilada e outra por exaustão. Uma das provas desses crimes é o registo original de falecimentos, guardado actualmente nos arquivos do museu.
Livros de registo roubados e escondidos pelos prisioneiros exibem 21 000 nomes de ciganos exterminados em KL Auschwitz.
A maioria dos judeus condenados à exterminação no campo de Auschwitz, eram convencidos que estavam a ser deportados para se estabelecerem na Europa de Leste. Sobretudo enganavam-se judeus da Grécia e da Hungria, aos quais os hitleristas tinham vendido lotes inexistentes, fazendas, lojas e oferecido trabalho fictício em fábricas. Devido a este facto, os deportados traziam consigo os objectos mais preciosos, no conjunto dos seus bens.
A distancia que separava os detidos de KL Auschwitz chegava a 2400 km, porém este longo caminho era percorrido geralmente em vagões de carga selados sem direito a qualquer alimentação ou água. Apinhados em vagões, viajavam até Auschwitz às vezes durante 7 a 10 dias.
À chegada quando abriam as portas dos vagões, uma parte dos deportados, na sua maioria crianças e idosos estavam mortos, enquanto o resto se encontrava em estado de extrema exaustão.
Até 1944 os comboios paravam na estação de mercadorias de Oswiecim, posteriormente começaram a parar na rampa ferroviária de descarregamento de Birkenau, construída especialmente para este fim, onde os oficiais e médicos das SS efectuavam a separação criteriosa dos judeus deportados, dirigindo para o campo os aptos para o trabalho e os inaptos para as câmaras de gás. Segundo a declaração de Rudolf Hoss, cerca de 70 a 75% dos deportados passava directamente às câmaras de gás.
Prisioneiros no KL Auschwitz
Milhares de pessoas que entraram em KL Auschwitz não foram registadas, seguiram directamente para as câmaras de gás. Apesar da tentativa de destruição das provas pelos nazis quando o exercito vermelho entrou no campo, alguns registos conseguiram salvar-se. Foram mortas ao longo de 5 anos mais de 1,3 milhões de pessoas.
Nos livros de registo constam:
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Judeus: A partir de 1942 formavam o grupo com o maior número de prisioneiros no campo, foram registados cerca de 200 000.
Mortos: 1 milhão
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Prisioneiros políticos: Foram registados cerca de 160 000. A maioria eram polacos presos em diversos tipos de operações de repressão ou por participarem em movimentos de resistência.
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Prisioneiros de guerra soviéticos: Cerca de 15 000, sendo registados 12 000.
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Prisioneiros educativos: Presos no campo por infringirem supostamente a disciplina no trabalho. Estima-se que foram cerca de 11 000.
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Prisioneiros da polícia: Eram somente polacos. Formalmente não eram prisioneiros do campo KL Auschwitz. Por motivos de super lotação das prisões da Gestapo, em Katowice e Myslowice, eram transferidos para o campo, onde aguardavam o seu julgamento pela justiça sumária, que geralmente os condenava a pena de morte através de fuzilamento. Estima-se em vários milhares.
- Prisioneiros criminais: Centenas de prisioneiros principalmente de nacionalidade alemã. Entre eles as autoridades do campo seleccionavam com frequência prisioneiros funcionários que ajudavam as SS a manter o regime do campo.
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Testemunhas de Jeová: Presos no campo por causa dos seus comportamentos e atitudes religiosas foram registados 138 pessoas principalmente de nacionalidade alemã.
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Homossexuais - Dezenas de prisioneiros principalmente de nacionalidade alemã.
Uma parte dos prisioneiros recém chegados ao campo de KL Auschwitz era dirigida ao campo, sem serem alvo da habitual selecção criteriosa, onde morriam por causa da fome, das execuções, do trabalho exaustivo, dos castigos, das condições higiénico-sanitárias miseráveis, do esgotamento físico, das doenças e das epidemias.
No dia da chegada a KL Auschwitz o chefe do campo comunicava aos prisioneiros: "
Vieram ao campo de concentração cuja única saída é através da chaminé do crematório"
Aos prisioneiros recém chegados confiscava-se a roupa e todos os objectos pessoais, cortava-se-lhes o cabelo, depois de uma breve passagem pela desinfecção e pelo banho eram finalmente assinalados com um número e registados. No inicio cada prisioneiro era fotografado em 3 posições. Em 1943 foi introduzida a tatuagem. KL Auschwitz foi o único campo hitleriano, onde os números de registo eram tatuados.
De acordo com o motivo da detenção, os prisioneiros eram marcados com triângulos de cores diferentes, cosidas junto com o número, nos uniformes do campo. Uma parte dos prisioneiros tinha triângulos vermelhos, uma vez que se tratavam de prisioneiros políticos. Os prisioneiros judaicos recebiam uma estrela composta por um triângulo amarelo cruzado com outro da cor correspondente ao motivo da sua detenção. os triângulos pretos eram atribuídos aos ciganos e aos prisioneiros designados pelos hitleristas como "elementos anti-sociais" As testemunhas de Jeová recebiam triângulos roxos, os homossexuais recebiam triângulos cor de rosa e os presos criminais verdes.
A ligeira roupa carcerária não protegia do frio. A roupa interior era mudada nos intervalos de algumas semanas ou até de alguns meses, ainda por cima os prisioneiros não tinham nenhuma possibilidade de lavá-la, facto que contribuía para a propagação de epidemias de várias doenças, particularmente do tifo exantemático e abdominal e da sarna..
os ponteiros do relógio carcerário mediam impiedosa e monotonamente o tempo de vida dos prisioneiros. Do gongo da manhã ao da tarde, de um prato de sopa a outro, do primeiro apelo até ao ultimo, quando o cadáver do prisioneiro era contado pela última vez.
Um dos tormentos da vida no campo eram as chamadas com o objectivo de verificação do número de detidos. que por vezes podiam durar dezenas de horas. As autoridades do campo muitas vezes ordenavam as chamadas disciplinares durante as quais os prisioneiros tinham de permanecer de cócoras ou de joelhos, e algumas vezes era-lhes ordenado que mantivessem os braços levantados durante horas.
Além das execuções e das câmaras de gás, outro modo eficaz de extermínio era o trabalho árduo no campo, com a utilização dos detidos em vários sectores económicos.
No início, trabalhavam no alargamento do campo, na terraplanagem , construindo blocos e barracões, estradas e fossos de drenagem. Sucessivamente, a industria do III Reich começou a explorar os prisioneiros, como mão de obra barata.
Além disso ordenava-se aos prisioneiros que realizassem o trabalho muito depressa e sem qualquer descanso. O ritmo acelerado do trabalho, as insuficientes rações alimentares juntamente com o espancamento e as chinas contribuíam para o aumento da taxa de mortalidade. Durante o regresso dos grupos de trabalho ao campo, os prisioneiros mortos e feridos com pás ou cacetes, eram transportados nos carrinhos.
O trabalho com o cilindro era particularmente duro.
A prioridade no emprego dos detidos era o consórcio alemão IG farbenindustrie que construiu em Monowitz, perto de Oswiecim, a fábrica de borracha sintética e gasolina, Buna-Werke. A maioria dos sub-campos de Auschwitz foi criada na Silésia, na vizinhança de fundições, minas e fábricas. Os prisioneiros trabalhavam na extracção de carvão, na produção de armas e produtos químicos, na construção e alargamento de estabelecimentos industriais.
Em Auschwitz, encontravam-se também crianças enviadas para o campo com os adultos. tratava-se em primeiro lugar de crianças judaicas, ciganas, polacas e russas, que eram tratadas da mesma forma que os outros prisioneiros. A maioria das crianças judaicas morria em câmaras de gás logo após a chegada. Os que eram poupados às câmaras de gás, uma pequena minoria, eram submetidas ao mesmo rigor vigente para todos efectuando trabalhos duros, enquanto alguns (por exemplo os gémeos) serviam para experimentações criminosas.
As crianças que não iam directamente para a câmara de gás eram registadas e muitas vezes marcadas como prisioneiros políticos.
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Crianças deficientes que davam entrada no campo eram encaminhadas imediatamente
para a câmara de gás. |
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Homenagem a todos os que morreram no campo de concentração. A parte mais escura
que se vê dentro do vidro são cinzas humanas que foram retiradas do crematório. |
Latas de gás
Zyklon B
Depois de encerrarem as pessoas nas câmaras de gás as SS despejavam o gás Zyklon B através das aberturas situadas no tecto. As pessoas morriam em cerca de 20 minutos.
O Zyklon B era produzido pela empresa "Degesch" que no período entre 1941-1944 ganhou quase 300 000 marcos na sua venda.
Somente em Auschwitz nos anos 16942-1943 foram usados cerca de 20 000 quilogramas deste gás. Segundo o comandante Hoss, para matar cerca de 1500 pessoas eram necessários 5-7 kg de gás.
depois da libertação do campo, nos armazéns encontraram-se pilhas de latas vazias e outras ainda cheias de Zyklon B
No momento da libertação o exercito soviético encontrou nos armazéns cerca de 7000 kg de cabelo conservado em sacos. Era o resto do cabelo que as autoridades do campo não conseguiram vender e enviar às fábricas localizadas no interior do III Reich. A análise efectuada no Instituto de Peritagem Judicial revelou a presença do ácido cianídrico, que constitui um componente venenoso dos preparados conhecidos sob o nome de "Zyklon". As empresas alemãs utilizavam o cabelo para produção de tecidos de crina.
No museu está exposta uma das mais chocantes provas do crime - cerca de 2 toneladas de cabelos de mulher cortados às vitimas.
Os rolos de tecido de crina encontrados em Kietrz e expostos na vitrina, foram analisados no Instituto de Medicina Legal.
Os resultados confirmam que se trata de cabelo humano, provavelmente feminino.
Muitos objectos originais pertencentes aos deportados estão expostos nas vitrinas do museu, óculos, malas com os nomes e endereços das vitimas, sapatos, próteses, roupas infantis, brinquedos, artigos de casa, pincéis da barba etc...
Todos os objectos de valor eram encaminhados para os armazéns designados por "Canada" e posteriormente enviados para a Alemanha.
O que não tinha valor era destruído.
Isolamento do mundo exterior
Todos os campos e subcampos do complexo de Auschwitz foram cercados pelos alemães com torres de vigilância e cercas com arame farpado e qualquer contacto de prisioneiros com o mundo exterior era proibido.
O terreno isolado ia além da área que se encontrava entre as cercas ocupando uma superficie adicional de cerca de 40 km quadrados chamada de Interessengebiet, existente à volta dos campos de Auschwitz I e Auschwitz II-Birkenau.
O crematório e a câmara de gás
O crematório está situado fora da vedação do campo. Em frente da entrada, no antigo barracão da Gestapo encontrava-se a forca, na qual foi executado no dia 16 de Abril de 1947 o primeiro comandante de KL Auschwitz - Rudolf Hoss.
A primeira divisão do crematório era a morgue convertida em câmara de gás provisória. Aqui, nos anos de 1941 e 1942 foram assassinados prisioneiros de guerra soviéticos e judeus de guetos, estabelecidos por hitleristas na área de Alta Silésia.
Na outra parte encontravam-se 2 dos 3 fornos crematórios que tinham capacidade para cremar 350 corpos por 24 horas. Em cada retorta eram colocados simultaneamente 2 ou 3 cadáveres.
O crematório funcionou nos anos de 1940 a 1943.
Câmara de Gás
As pastilhas de gás eram introduzidas na câmara por aberturas no tecto.
Fornos crematórios
Nos corredores de alguns blocos encontram-se as fotos com nomes e datas de entrada e de falecimento no campo. A maioria dos prisioneiros não resistia mais de um ano.
Tatuagens com o número de prisioneiro.
O clima malárico de Auschwitz, as condições terríveis do alojamento, a fome, a roupa ligeira que não protegia do frio e que, ainda por cima não era mudada nem lavada, os ratos e os insectos, tudo isto causava doenças e epidemias que dizimavam os prisioneiros no campo. às vezes tornava-se impossível internar todos os doentes nos hospitais já superlotados. Por isso os médicos das SS efectuavam selecções entre os doentes e reconvalescentes no hospital, assim como entre prisioneiros alojados em outros blocos. os debilitados e aqueles que não davam sinais de esperança eram levados para as câmaras de gás ou recebiam uma injecção letal de fenol no hospital. Por esta razão, o hospital era chamado de "a antecâmara do crematório".
Assim à semelhança de outros campos, também em KL Auschwitz, os médicos das SS efectuavam experiências criminosas aos detidos. Por exemplo o professor Carl Clauberg em busca de um método rápido de extermínio biológico dos Eslavos efectuava no bloco nº 10 experiências de esterilização sobre judias. O doutor Joseph mengele, no âmbito das suas investigações genéticas e antropológicas, submetia ás suas experiências gémeos e deficientes. Em Auschwitz realizavam-se também vários tipos de provas de novas substancias e fármacos, esfregavam-se substancias tóxicas na epiderme dos prisioneiros, efectuavam-se transplantes de pele, etc. centenas de homens, mulheres e crianças morreram durante essas experiências, enquanto que os que sobreviveram foram-lhe diagnosticados danos de saúde e mutilações permanentes.
O valor energético da alimentação diária era de aproximadamente 1300-1700 calorias. O pequeno almoço consistia em meio litro de café ou chá de ervas, enquanto que o almoço era constituido por cerca de um litro de sopa de legumes sem carne, preparada muitas vezes com legumes podres. O jantar eram 300 a 350 gramas de pão mal cozido, duro que nem uma pedra, com um escasso acompanhamento, 20 gr de salsicha ou 30 gr de mateiga ou queijo e chá de ervas ou "café".
O trabalho exaustivo e a fome causavam um esgotamento físico que, por sua vez, levava à desnutrição, que terminava em morte.
As condições do alojamento, embora diferentes em várias épocas de existência do campo, eram sempre terríveis. Os primeiros prisioneiros prisioneiros dormiam no chão de cimento coberto com palha, apenas mais tarde foram introduzidas enxergas. Numa sala onde dificilmente cabiam 40-50 pessoas, dormiam cerca de 200 prisioneiros. As tarimbas de três andares montadas a seguir, também não contribuíram para a melhoria das condições dos prisioneiros. Em cada andar da tarimba dormiam dois prisioneiros que tinham para se tapar um cobertor roto e sujo.
No campo base, a maioria dos detidos vivia em blocos de tijolo de um andar, enquanto que em Birkenau, existiam apenas barracões sem alicerces, onde dormiam directamente no solo lodoso.
Bloco 11 "Bloco da morte"
O pátio entre o bloco 10 e 11, é cercado dos dois lados por um muro alto. traves colocadas nas janelas do bloco 10 impediam a observação das execuções que tinham lugar no pátio. Em frente do "paredão de execuções", alguns milhares de detidos foram fuzilados pelas SS, principalmente polacos.
No pátio do bloco 11 aplicava-se a pena de açoite e a pena de poste, que consistia em suspender o detido pelos braços torcidos para trás.
O bloco 11 era isolado do resto do campo, encerrando no seu subterrâneo a prisão do campo que, hoje, juntamente com o rés-do-chão, é preservada como museu.
Os prisioneiros eram punidos por qualquer motivo, por apanharem uma maçã, por fazerem as suas necessidades fisiológicas durante o trabalho, por extraírem o seu próprio dente de ouro a fim de o trocarem por pão, por serem lentos a efectuarem o trabalho, etc...
As formas de castigo eram diversas: o açoite, a suspensão num poste pelos braços torcidos para trás, o encerramento no subterrâneo do bloco 11, o trabalho penal especial, os exercícios penais, a permanência em pé durante muitas horas, .
Os prisioneiros dirigidos às esquadras penais recebiam rações alimentares reduzidas sendo obrigados a fazer os trabalhos mais duros e exaustivos. Trabalhavam na limpeza de lagos de peixe, a cavarem fossos de drenagem ou na terraplanagem.
Movimento de resistência no campo e em seu redor
Mesmo com as difíceis condições de vida do campo, e sob intenso terror, os prisioneiros esforçavam-se para manter a dignidade humana. Uma das provas foi o movimento de resistência, tanto espontâneo como organizado.
A luta dos prisioneiros no campo estava concentrada em salvar da morte os companheiros de infortúnio. A resistência dos prisioneiros também tomava forma como: actividade militar, politica, cultural e religiosa.
As primeiras organizações de movimentos de resistência no campo começaram a surgir já na segunda metade de 1940. Foram fundadas principalmente por prisioneiros políticos polacos, que formavam então o maior grupo de prisioneiros. Independente dos grupos polacos, por volta dos anos de 1942 e 1943, surgiram no campo organizações de prisioneiros de outras nacionalidades.
A 7 de Outubro de 1944, um grupo de prisioneiros do Sonderkommando organizou um levante armado, matando alguns soldados SS e destruindo um dos crematórios.
Um dos elementos importantes da actividade do movimento de resistência do campo era informar o mundo sobre os crimes cometidos pelos alemães de Hitler, no campo de Auschwitz. Isso foi possível graças ao contacto com o movimento de resistência que actuava activamente perto do campo e funcionava como intermediário, transmitindo para adiante as informações reunidas no campo.
desde o momento em que os alemães fundaram o campo, os polacos que moravam em Oswiecim e região, com risco de vida, ajudavam os prisioneiros, de todas as maneiras possíveis, entregando-lhes comida, remédios e organizando fugas.
Auschwitz II - Birkenau
A 3 km do campo base foi construído o segundo campo - KL Auschwitz II - Birkenau - construído no sitio da pequena aldeia chamada Brzezinka. este campo com aproximadamente 175 ha de superfície era edificado com mais de 300 barracões. Nem todos resistiram até aos tempos actuais. Preservaram-se quase intactos somente 45 barracões de tijolos e 22 de madeira. Hoje no lugar dos barracões destruídos e queimados, só se pode ver as chaminés que restam deles, e os contornos dos sítios onde se encontravam que nos elucidam do seu tamanho e quantidade.
No Campo de Birkenau o número de prisioneiros (mulheres e homens) alcançou em Agosto de 1944, as 100 000 pessoas.
as pragas do campo eram a falta de água, as condições catastróficas de higiene e a enorme quantidade de ratos. Em Birkenau os hitleristas construíram a maioria das instalações de extremismo, isto é, 4 crematórios com Câmaras de gás provisórias, localizadas nas casas dos camponeses adaptadas para esse fim, fossos e piras de incineração.
A área do campo de concentração de Birkenau deve ser visitada seguindo as indicações do percurso. Podemos visitar barracões conservados no estado original, onde os prisioneiros eram alojados. Os barracões de tijolos que se encontram à esquerda da rampa de descarregamento foram construídos sem alicerces directamente no solo lodoso. Na maioria dos barracões em vez de chão havia terra batida, que muitas vezes se transformava num pantano.
Nos barracões de tijolos eram alojadas as prisioneiras que dormiam nas tarimbas de três andares cobertas com palha podre. Em cada andar deitavam-se 5 pessoas (num espaço que seria indicado apenas para uma pessoa).
Os barracões de madeira (à direita da rampa de descarregamento) eram cavalariças de campo, destinadas originalmente para 52 cavalos, nas quais depois de feitas algumas alterações, se alojavam cerca de 400 prisioneiros.
No final da rampa de descarregamento, encontram-se as ruínas dos 2 crematórios e as câmaras de gás, explodidas pelos SS em retirada, tentando ocultar as marcas dos seus crimes.
Nas ruínas conservadas, pode-se distinguir claramente o vestiário subterrâneo, onde os condenados à morte se despiam e a câmara de gás. Na superfície, os restos de 5 fornos crematórios, 5 arrancas de fornos e os carris, sobre os quais eram transportados os cadáveres.
O crematório nº IV foi destruído parcialmente por prisioneiros judeus durante a revolta que ocorreu no dia 7 de Outubro de 1944.
Entre as ruínas dos crematórios II e III, encontra-se o Monumento Internacional em memória das vitimas do fascismo, inaugurado com solenidade no terreno do antigo campo de concentração Auschwitz II-Birkenau em Abril de 1967.
Já tinha visitado Auschwitz há uns anos atrás, sempre disse que nunca mais queria voltar, mas nunca devemos dizer "nunca mais" e as contingências da vida levaram-me novamente este Natal à maior máquina de morte que o mundo conheceu, submergindo mais uma vez num submundo de sombras e de terror....
No dia 27 de Janeiro deste ano (2016) fará 71 anos que 75 mil prisioneiros foram libertados de Auschwitz pelo exercito Soviético. Muitos dos que foram libertados acabaram por morrer pouco tempo depois da libertação vitimas das precárias condições de saúde em que se encontravam, mas alguns dos sobreviventes fizeram do resto dos seus dias, uma luta constante para que o terror que passaram em Auschwitz não fosse esquecido, é o caso do judeu polaco Henrick Mandelbaum deportado no campo de Auschwitz II (Birkenau) que fez parte do (comando da morte) foi registado com o nº 181970.
Este foi o meu registo ... partilho com a esperança que o tempo não apague a memória!
"Amanhã fico triste... amanhã!
Hoje não... Hoje fico alegre!
E todos os dias, por mais amargos que sejam, eu digo:
Amanhã fico triste, hoje não..."
Poema escrito por uma criança na parede do seu dormitório em Auschwitz.
Como chegar
De Cracóvia para Auschwitz existem transportes regulares ao longo do dia. A opção que escolhemos
foi o comboio, é muito prático, mais rápido e muito barato.
Chegar de comboio
Na estação de comboios de Cracóvia compre o bilhete numa das bilheteiras, para este circuito é preferível do que comparar nas máquinas, apesar das senhoras que se encontram nas caixas não falarem Inglês, conseguem perceber se falar em Auschwitz, além disso mostram o monitor do computador para confirmar a hora e o numero de pessoas.
Um bilhete custa cerca de 3,00 € e a viagem demora mais de uma hora. Compre bilhete só de ida, porque é muito difícil prever o tempo que vai demorar.
No regresso comprámos o bilhete dentro do comboio ao revisor, pois as bilheteiras estavam fechadas. No total a viagem de ida e volta ficou em cerca de 6,00 €.
Na estação do lado esquerdo encontra-se um expositor com o horário dos comboios.
O comboio pára na estação de Oswiwcim (Auschwitz em polonês), quando sair pela porta principal encontra-se uma paragem de autocarro do lado esquerdo, habitualmente existe um autocarro que tem escrito "Museu de Auschwitz" que faz a ligação entre a estação e o Museu (Campo de concentração Auschwitz I).
Junto da paragem existem táxis que fazem o percurso por 20 zlotys (cerca de 4,60 €).
Do lado direito da estação está um painel de localização que dá indicações da localidade, distancia até ao museu, etc....
Como o autocarro estava atrasado resolvemos fazer o percurso a pé até ao museu que demorou cerca de 15/20 minutos.
Entrada
Em baixo temos a foto da entrada do museu Auschwitz I. A entrada do museu faz-se pelas portas do alpendre do edifício, seguindo-se um controle de bagagem e de detecção de metais (igual ao aeroporto) não vale a pena entrar na fila se tiver um saco ou uma mochila de tamanho superior a uma folha A4, deve deixar os seus pertences num pequeno pavilhão que se encontra à esquerda da entrada do edifico e está devidamente identificado. Por isso leve uma bolsa pequena ou algo para transportar consigo o dinheiro e outros objectos de valor enquanto visita o campo.
A entrada do museu é gratuita, mas se optar por uma visita guiada, que aconselho a quem visita o campo pela primeira vez, paga 42 zlotys (cerca de 10,00 €). A visita guiada abrange Auschwitz I e Auschwitz II-Birkenau.
Se optar por fazer a visita sem guia, existe um autocarro que faz a ligação gratuitamente entre Auschwitz I e Auschwitz II-Birkenau, está identificado com imagens do campo de concentração e pára na rua em frente à entrada, logo após a exposição exterior de Auschwitz I e na saída do lado direito de Auschwitz II-Birkenau.
Horário de abertura do museu
1 de Dezembro a 28/29 Fevereiro - 8:00 - 15:00 Horas
1 de Março a 31 de Março /1 de Novembro a 30 de Novembro - 8:00-16:00 Horas
1 de Abril a 30 de Abril / 1 de Outubro a 31 de Outubro - 8:00 - 17:00 Horas
1 de Maio a 31 de Maio / 1 de Setembro a 30 de Setembro - 8:00 - 18:00 Horas
1 de Junho a 31 de Agosto - 8:00 - 19:00 Horas
Não existem restaurantes nem bares nos campos de concentração. Não é permitido comer ou levar líquidos para dentro do museu.
No exterior de Auschwitz I está patente uma exposição com algumas figuras conhecidas que estiveram em campos de concentração nazis, como o caso de Anne Frank.