“Alta, imensa, enigmática, a sua presença física é logo uma obsessão. Mas junta-se à perturbante realidade uma certeza mais viva: a de todas as verdades emanarem dela. Há rios na Beira? Descem da Estrela. Há queijo na Beira? Faz-se na Estrela. Há roupa na Beira? Tece-se na Estrela. Há vento na Beira? Sopra-o a Estrela. Tudo se cria nela, tudo mergulha as raízes no seu largo e eterno seio. Ela comanda, bafeja, castiga e redime.” (Miguel Torga)
A Serra da Estrela é muito mais que uma montanha...
É história, gastronomia, beleza natural e… neve
É berço de muitas aldeias históricas, fazendo-nos recuar aos tempos medievais, de vales glaciares, únicos em Portugal, é lugar onde nascem os dois maiores rios exclusivamente nacionais, o Mondego e o Zêzere, bem como o Alva e o Côa, dona de sabores extraídos da natureza, onde ainda resistem velhos segredos que oferecem produtos e uma gastronomia ímpar, como o Queijo da Serra, os vinhos, azeites, enchidos e pães, as ervas aromáticas, o arroz de carqueija, o licor de zimbro ou a aguardente de mel, o cabrito e a truta que, pelas condições únicas do seu habitat, são um marco da gastronomia serrana.
Falamos da Serra da Estrela, onde as gentes e os costumes ajudam a retroceder no tempo, terra de tradições e guardiã da maior área protegida de Portugal e uma das melhores Reservas Biogenéticas da Europa, o Parque Natural da Serra da Estrela. Mas é também uma das poucas regiões portuguesas abraçada pela de neve quando o Inverno chega e local da única estância de ski do país. Uma estância localizada na Torre, no centro do Parque Natural, a 2.000m de altitude
Desta vez a chegada à torre não foi fácil. Ventos muito fortes e nevoeiro cerrado, dificultaram a aventura!
Mas nem tudo é negativo, tivemos o privilégio de ter o espaço praticamente só para nós!
O nevoeiro até criou um ambiente de filme de suspense! D
Nos dias que se seguiram, o tempo melhorou substancialmente.
As temperaturas subiram e a Serra ganhou um colorido diferente....
Afinal estamos na Primevera!!!!!! D
Senhora da Boa Estrela
Situada no Covão do Boi, em plena Serra da Estrela, encontra-se esculpida em baixo relevo, na rocha, a Senhora da Boa Estrela, padroeira dos Pastores, inaugurada em 1946.
A escultura, com mais de 7 metros de altura, foi elaborada por António Duarte, partindo de uma ideia do Pároco local que assistiu à demonstração de fé local quando foi implantado um Cruzeiro no ponto mais alto da imensa Serra da Estrela, e desejou prestar homenagem à Santa protectora dos Pastores que enfrentam há séculos as intempéries da agreste região.
A escultura, com mais de 7 metros de altura, foi elaborada por António Duarte, partindo de uma ideia do Pároco local que assistiu à demonstração de fé local quando foi implantado um Cruzeiro no ponto mais alto da imensa Serra da Estrela, e desejou prestar homenagem à Santa protectora dos Pastores que enfrentam há séculos as intempéries da agreste região.
Monumento a Nossa Senhora da Boa Estrela |
Monumento a Nossa Senhora da Boa Estrela |
Barragem Padre Alfredo (Covão do Ferro)
Com a chegada da Primavera, chega também o degelo da neve da Serra.
Pequenos regatos engrossam os rios que serpenteiam pelos Vales Glaciares da Serra.
Na descida da Torre para Manteigas, encontramos um ícone da Serra da Estrela...
O Covão d'Ametade
Covão d' Ametade é um local de rara beleza, na descida da Torre para Manteigas …
É uma depressão onde repousam sedimentos originando uma pequena planície naquilo que foi uma antiga lagoa de origem glaciar, aos pés do Cântaro Magro e logo acima do Covão de Albergaria, no início do Vale Glaciar que vai até Manteigas (o maior vale glaciar da Europa).
Aqui o único som que ouvimos é o do sussurrar da água a correr no rio, e o das aves.
O lugar é mágico! Transmite-nos muita paz!
Ao fundo: Cântaro Magro salpicado de neve |
Dos Cântaros escorrem regatos, e cascatas!... |
Subimos à Torre no final do dia, a tempo de vermos um magnifico pôr do sol!
Pequenos lagos começam a formar-se com o degelo |
No terceiro dia, visitámos mais um ícone da Serra (este pela primeira vez)
O Poço do Inferno
O percurso de alguns km é feito por uma estreita estrada, em alguns locais em mau estado de conservação.
Mas compensa!
Neste percurso várias espécies autóctones estão presentes, tais como o castanheiro, o freixo, o carvalho negral, o salgueiro e o amieiro-negro.
Merecem especial destaque a gilbardeira, que possuiu estatuto de conservação, o vidoeiro e a tramazeira porque são espécies raras em Portugal.
Mas compensa!
Neste percurso várias espécies autóctones estão presentes, tais como o castanheiro, o freixo, o carvalho negral, o salgueiro e o amieiro-negro.
Merecem especial destaque a gilbardeira, que possuiu estatuto de conservação, o vidoeiro e a tramazeira porque são espécies raras em Portugal.
Poço do Inferno
É uma queda de água que se situa na estreita garganta da Ribeira de Leandres afluente do Rio Zêzere,
cujo leito percorre a linha de união do granito e do xisto.
A cascata de 1066 metros, no Inverno transforma-se num belo espectáculo de colunas de gelo com
a grossura de caules de árvores.
É um lugar mágico...Um dos recantos pouco conhecidos da Serra da Estrela
Convém andar um pouco a pé pela zona...
Os narcisos crescem em tufos no musgo salpicando a paisagem de amarelo!
Até ao contemplarmos as rochas a nossa imaginação cria asas....
Uma cobra a espreitar? D
Na entrada de Manteigas, ficam os viveiros das trutas!
Manteigas
A história de Manteigas data a épocas anteriores à Era Cristã, sendo o seu primeiro foral de 1188, atribuído pelo Rei D. Sancho I
A localidade de Manteigas está localizada em pleno Vale Glaciar do Zêzere, que com a sua forma perfeita em 'U' é um dos melhores exemplos da modelação da paisagem pelos glaciares.
Ao anoitecer volta o nevoeiro...
Este amiguinho segui-nos durante algum tempo! |
A lenda da Serra da Estrela
Contava a lenda que havia um rei ao qual chegou a notícia de que todas as noites um pastor do alto da serra conversava com uma estrela.
O rei mandou logo chamar o pastor e ordenou-lhe que lhe desse a sua estrela, prometendo em troca dar-lhe muitas riquezas e muitos dos seus bens.
O pastor não aceitou, pois preferia ser pobre do que perder a sua estrela. Ao voltar à sua pobre cabana no alto da serra, o pastor ouviu uma doce melodia que era a sua estrela a cantar. Ela estava com receio de que o pastor se deixasse levar pela ambição da riqueza.
O pastor ficou todo contente e a estrela prometeu que sempre seria sua amiga.
Então o velho pastor exclamou:
– De hoje em diante, esta serra há-de chamar-se Serra da Estrela.
Conta a lenda que no alto da serra ainda hoje se vê uma estrela que brilha de maneira diferente das outras estrelas, como que à procura do bom e velho pastor amigo.
Fonte Biblio
AA. VV., -
Literatura Portuguesa de Tradição Oral
s/l, Projecto Vercial - Univ. Trás -os-Montes e Alto Douro, 2003
, p.L6
O fim do dia na lagoa Padre Alfredo (Covão do Ferro)
Museu do Pão
Ao longo de várias salas, vamos descobrir o ciclo do pão em Portugal. O pão ligado à politica e religião e à arte.
A lenda dos pães de Santo António
“ António comovia-se tanto com a pobreza que, certa vez, distribuiu aos pobres todo o pão do convento em que vivia. O frade padeiro ficou em apuros, quando, na hora da refeição, percebeu que os frades não tinham o que comer: os pães tinham sido roubados”.
Atónito, foi contar ao santo o ocorrido. Este mandou que verificasse melhor o lugar em que os tinha deixado. O Irmão padeiro voltou estupefacto e alegre: os cestos transbordavam de pão, tanto que foram distribuídos aos frades e aos pobres do convento."
Finalmente chegou o fim de semana! Com ele veio uma multidão de turistas para a Serra.
É altura de partir, mas antes vamos tratar de abastecer a nossa despensa com produtos da região...
Uma avalanche de turistas invade a Serra ao fim de semana... |
Apesar de estarmos em final de Abril, a neve ainda cobre os telhados dos edifícios da torre! |
Mas vamos às compras...
Temos à nossa disposição vários tipos de queijo. Amanteigado, curado, picante, mais ou menos salgado!
A preferência da minha família vai para o amanteigado, feito com flor de cardo!
Broa de centeio e broa de milho.
As Regueifas acabadas de fazer são deliciosas!
Dicas
Quando visitar
Visite a Serra da Estrela sem ser ao fim de semana. Durante o fim de semana o transito é caótico em tempo de neve, enquanto de semana é mais calmo, o que nos permite desfrutar melhor da região!
Hotel
Infelizmente desta vez não posso recomendar o hotel em que fiquei. Reservamos um Chalé de Montanha
https://www.turistrela.pt/pt/chales-de-montanha.html nos chalés de Montanha da Serra da Estrela.
O chalé tinha a escada de acesso cheia de vidros partidos e assim continuou ao longo da nossa estadia, o exaustor não tinha filtro e gordura negra escorria para cima da comida que estava a ser confeccionada (comida para o lixo e limpeza à cozinha logo no dia de chegada) o aquecimento do chalé é feito com um recuperador de calor, que demora muito tempo a atingir uma temperatura razoável, só no dia da partida não tivemos frio no interior do chalé! Os preços muito elevados para a qualidade que tem! Não aconselho, de todo! :-(
Produtos tradicionais
Atenção aos produtos "tradicionais" vendidos na Torre. A maioria dos enchidos são de origem Espanhola.
Quando comprar um queijo levante sempre o rótulo para ver se o queijo está intacto. A técnica dos vendedores é "picar" o queijo debaixo do rotulo para dar a provar, se a pessoa não levar, quem vem atrás fica com um queijo que se deteriora mais rapidamente.
A maioria das pantufas típicas da região não são pele. Veja bem se têm certificado de garantia antes de comprar.
Museu do Pão
Confesso que esperava um pouco mais deste museu. Não temos qualquer contacto directo com a arte de fazer pão.
A sala Inicial com marionetas (destinada a crianças), e com um duende a interagir com o público é muito interessante, o resto das salas não surpreendem!